A marca de Marco

 
Habituou-se à azáfama dos títulos enquanto atleta de formação e não lhe perdeu o jeito quando se estreou pelos seniores. Manteve alta a bitola, cresceu, amadureceu e hoje, com umas promissoras 20 primaveras, saltou para a ribalta da Série Açores de futebol, a última edição da prova como parte integrante da 3.ª Divisão Nacional. Marco Miranda é o homem golo no regresso do Sport Clube Barreiro aos nacionais. Concretizou oito tentos durante a primeira fase da prova, performance decisiva para que o clube esteja a realizar a melhor época de sempre na competição. O jovem, nado e formado no Porto Judeu, promete mais.
E Marco Miranda tem dado nas vistas, não só pelos golos que marca, mas também pelas exibições de excelente nível, qualidades que o avançado do Barreiro foi desfilando a cada jornada no Campo Municipal de Angra do Heroísmo, casa emprestada da turma do Porto Judeu. Marco promete seguir as pisadas do irmão, Paulo Miranda, com quem ainda partilhou o balneário na presente época desportiva e que igualmente brilhou a grande altura, especialmente com a camisola do Praiense. Apesar das luzes dos holofotes, o jogador prefere atribuir todo o mérito ao coletivo.
Afirma, perentório, que o sucesso é fruto do trabalho, condição essencial para que os objetivos possam ser cumpridos no futebol. Elogios, ao mesmo tempo, para os colegas e treinadores com quem sempre aprendeu ao longo da sua (ainda curta) carreira. "A minha postura foi sempre a mesma ao longo dos anos: trabalhei para evoluir. Penso que o meu trabalho tem dado os seus frutos, pois também sempre tive bons treinadores e ótimos colegas, tendo a sorte de estar integrado em excelentes grupos", reforça Marco Miranda.
Natural do Porto Judeu, foi no Sport Clube Barreiro que deu os primeiros pontapés na redondinha. Tinha apenas sete anos e, a partir daqui, construiu um percurso interessante e com muitos e saborosos momentos para mais tarde recordar, entre os quais o título de campeão pela seleção de sub-16. "Comecei a jogar futebol no Barreiro quando tinha sete anos e por lá fiquei até aos 12 com o mister 'Gigi' e mister Venâncio. Na segunda época de infantis tive de alinhar pela equipa de iniciados, uma vez que o Barreiro não tinha esse escalão. Depois, aos 13 anos, fui para o Sport Clube Lusitânia, onde fui treinado pelo mister Rodrigo Silva", recorda Marco Miranda.
Os títulos surgem a partir daqui. "Sagrei-me campeão de iniciados na primeira temporada no Lusitânia. No segundo ano neste escalão, voltei a conquistar o título de campeão com o mister Chico, mais conhecido por 'Caixa Velha'. O mister Rodrigo Silva voltou a ser meu treinador no escalão de juvenis e, aos 16 anos, volto a saborear novo título. Já nos juniores, o meu treinador era o mister 'Ralhinha' e acabámos por perder uma final com o Sport Clube Praiense para o campeonato", relembra.
Passados seis anos, regressa ao Sport Clube Barreiro na condição de sénior. Novas exigências e maiores desafios, mas o momento certo para Marco Miranda se assumir, em definitivo, como um valor seguro do futebol terceirense. E os títulos continuaram a surgir. "Fui campeão de ilha e campeão da AFAH. Com o mister Hildeberto Borges, a equipa venceu três títulos nessa época. Foi, de facto, o ano mais marcante na minha vida desportiva, especialmente por, logo no meu primeiro ano nos seniores, ter conseguido festejar a subida à Série Açores. Foi uma grande alegria", destaca o jogador do Barreiro, mesmo não esquecendo os "grandes momentos" que viveu no Lusitânia, onde realizou praticamente toda a sua formação.
O sexto lugar do Barreiro na Série Açores de futebol à entrada para a segunda fase da prova, com 20 pontos, menos 10 do que o Santiago e mais dois do que o Prainha, é motivo de satisfação para Marco Miranda. A formação do Porto Judeu está muito bem encaminhada para garantir a manutenção, o principal objetivo do clube para a presente época. A turma do Porto Judeu é, inclusive, o melhor ataque (23 golos) do grupo que vai lutar pela permanência, a par do Prainha.
Marco Miranda deixa elogios ao coletivo. "Na minha opinião, o Barreiro tem uma excelente equipa, com condições para discutir o resultado com qualquer adversário na Série Açores. Acredito que o Barreiro se vai manter na competição, pois temos um grande grupo, forte, unido e em que todos lutam pelo mesmo", refere. A nível individual, os seus anseios são os mesmos de outros jovens jogadores que olham para o futebol como um sonho: "Os meus objetivos passam por trabalhar, continuar a marcar golos e chegar mais longe". Qualidade não lhe falta. Resta não desistir.