A primeira parte do Barreiro foi muito interessante. Jogou num 4:2:3:1 bem
definido com os jogadores a respeitarem as suas áreas de ação, exceto Ivo que
funcionava como ponta-de-lança móvel. As mutações posicionais do avançado
barreirense, embora sempre em latitudes altas, dificultaram a sua marcação pela
defesa do Praiense que optou sem alternativa pela vigilância zonal.
Marco
André na esquerda e Spencer na direita impediam a subida dos laterais da Praia e
quando fletiam para dentro, quase sempre alternadamente, ajudavam Lhuka a
bloquear as saídas de Ricardo Costa. Hélder e Jorge eram sapadores bem
entrosados no trabalho de corte, não deixando Vítor Alves ligar com João Borges.
Ou seja, o Barreiro desligou o futebol do Praiense, porque tanto Marco
Aurélio, como Amonike e até João Borges não tinham apoio nem eram fornecidos em
condições. Ficaram, assim, facilitadas as tarefas dos laterais Nélson e Nobita,
tal como as dos centrais José Isidro e Nuno.
A estratégia montada por
Hildeberto Borges obrigou o seu adversário a recorrer ao jogo direto e a ficar
muito dependente dos ressaltos ou das segundas bolas para criar perigo. Pelo
contrário, o Barreiro procurou praticar um futebol de passe curto e apoiado,
faltando, contudo, profundidade atacante.
Manuel da Costa terá analisado bem
a teia que o seu homólogo montara e a sua equipa apareceu na segunda parte com
outra capacidade de contornar os obstáculos táticos que lhe eram colocados. Os
médios passaram a medir melhor os passes em profundidade que já não eram
executados sempre
longitudinalmente mas em diagonais para as costas dos laterais.
Vítor Alves libertou-se mais e marcou mais presença junto a João Borges. Com Rui Silva mais preso a missões defensivas, Ricardo Costa foi mais ligante e o homem que mais influência teve no domínio do Praiense após o intervalo.
Todas estas mudanças consolidaram-se com a obtenção do primeiro golo, aos 51 minutos. Todo o esforço ofensivo do Barreiro tornava-se inconsequente porque a linha de segurança imposta pela retaguarda da Praia da Vitória subiu e os do Porto Judeu não conseguiam presença na área de André.
Luciano Serpa aguentou-se bem com Marco André tal como Nélson Gomes com Spencer. Ivo foi-se tornando cada vez mais presa fácil para António Alves e Caneco. A expulsão de Nélson Gomes ameaçou a estabilidade do conjunto visitante, com 20 minutos para serem jogados.
Mas ao contrário do que se pudesse imaginar, foi o Praiense quem marcou superioridade. Para que tal acontecesse foi muito importante a entrada de Fábio Vicente, por ser um jogador mais de posse de bola e cerebral na construção de jogo.
Mesmo em superioridade, o Barreiro não evitou que Ricardo Costa desequilibrasse nos seus movimentos basculantes. Os extremos passaram a deambular para dentro e o Praiense não só controlou como marcou mais um golo por Ricardo Costa na sequência de linda jogada ofensiva.
O árbitro Miguel Jacob guardou os erros para a segunda parte.
Série Açores - 16ª Jornada
Campo Municipal de Angra do Heroísmo
Árbitro: Miguel Jacob
Assistentes: Ivan Roque e Luís Ralha
Ao intervalo:
0-0
Barreiro 0
Ronaldo
Nélson (cap.)
José Isidro
Nuno
Nobita
(João, 87m)
Marco André
(Marco Miranda, 67m)
Hélder
Jorge
(Fábio, 87m)
Spencer
Lhuka
Ivo
Não Utilizados
Bruno, Marco Fernandes, Chiquinho e Mário.
Treinador
Hildeberto Borges.
Praiense 2
André
Luciano Serpa
António Alves
Caneco
Nélson Gomes
Ricardo Costa
Amonike
(Flávio, 87m)
Rui Silva
Marco Aurélio
(Moreira, 90+2m)
João Borges (cap.)
Vítor Alves
(Fábio Vicente, 71m)
Não Utilizados
Ricardo Veredas, Gilberto, Chalana e Vasco Goulart.
Treinador
Manuel da Costa.
Disciplina: cartão amarelo para Nélson Gomes (54m), Ricardo Costa (67m), Lhuka (71m), João Borges (73m), Chiquinho (79m) e Jorge (80m). Vermelho para Nélson Gomes (70m p/acum.).
Marcadores: Vítor Alves (51m) e Ricardo Costa (77m).