Uma questão (deveras) central

Pé-ante-pé, o Barreiro vai escalando lugares na novel Liga Meo Açores. Depois de mais uma sangria no defeso, o treinador Hildeberto Borges revelou arte e engenho para montar uma equipa que tem na assimilação plena das respetivas qualidades e defeitos o seu principal trunfo.
Na receção (em casa emprestada) ao Santiago, o grémio do Porto Judeu fez valer atributos ao nível da capacidade de pressão, circulação e posse de bola e, claro, aproveitamento da velocidade das unidades mais adiantadas. Tudo isto sustentado numa exibição com laivos de bom futebol - dentro das exigências do quadro competitivo em questão.
Esta foi, digamos, a postura até construir o resultado, em que dois pontapés de canto possibilitaram aos centrais Fábio, na primeira-parte, e Gilberto, na etapa complementar, um avanço sobremaneira precioso no marcador.
A expulsão em simultâneo de Manú (Santiago) e Jorge (Barreiro), em cima da meia hora, abalou o desempenho dos locais e, ao mesmo tempo, espevitou os forasteiros que, finalmente, ameaçaram a sério a baliza de Fanika.
Depois do 2-0 surgiu em cena o Barreiro pragmático e de futebol menos apelativo aos olhos dos espetadores. Defender com rigor e explorar o contragolpe (o qual raramente saiu a preceito) era o desiderato para contrariar a natural reação dos micaelenses.
Afastar o esférico das imediações da baliza de Fanika era, então, imperativo e aqui os centrais Gilberto e Fábio voltaram a assumir o estatuto de figuras do encontro, liderando, digamos assim, o arregaçar de mangas dos alvirrubros.
O Santiago, por sua vez, denotava enorme determinação, mas, pese uma ou outra oportunidade para faturar, a equipa acusava alguma falta de talento e inspiração. Tudo era feito em esforço, sem lucidez, com o coração a sobrepor-se à razão.
Com a exclusão de Flávio, o que deixou os anfitriões reduzidos a nove unidades, os homens de Água de Pau investiram tudo no assalto à baliza terceirense.
O técnico Sérgio Santos procurou por todos os meios modificar o rumo dos acontecimentos, alterando posicionamentos em campo e recorrendo às duas únicas opções de banco disponíveis, só que o Barreiro versão "bola para o mato que o jogo é de campeonato" foi dando para as encomendas.
Atendendo ao caráter que patenteia, o Barreiro pode ser uma séria ameaça aos principais candidatos ao quarteto da frente. Mérito dos atletas e, em especial, do treinador Hildeberto Borges, pelos vistos, um autêntico especialista em (re)construir equipas. 
Vasco Almeida, o árbitro do polémico Santiago - Lusitânia da primeira jornada, exibiu três cartões vermelhos diretos. Concorde-se ou não com as decisões (pareceu-nos que agiu em conformidade), elas são consequência de um critério uniforme.
Aliás, ao longo dos 90 minutos, assistimos a uma arbitragem personalizada, confiante e tranquila. Com um ou outro erro pelo meio? É provável, mas nada que coloque em causa uma atuação merecedora de nota afirmativa.    
 
Liga Meo Açores | 9ª Jornada
 
Campo Municipal de Angra do Heroísmo
Árbitro: Vasco Almeida (AF Ponta Delgada)
Assistentes: Paulo Cabral (B) e João Branco (P)
 
Ao intervalo:
1-0
 
Barreiro 2
 
Fanika
Nelson (cap.)
Gilberto
Fábio
Nobita
(André, 66m)
Célio
(Duarte, 76m)
José Isidro
Jorge
Flávio
Ivo
Vasco
(Chibante, 79m)
 
Não Utilizados
Gonçalo, Xiquinho, Larika e Rodrigo
 
Treinador
Hildeberto Borges
 
Santiago 0
 
João Roberto
Hugo Soares
Armando
(Paulo Vidinha, 59m)
Manú
Paz Ferreira
(Rodrigo, 76m)
Ludgero (cap.)
Tiago Oliveira
Nuno Sociedade
Balaia
Lelé
Jorge Paulo
 
Não Utilizados
Não houve
 
Treinador
Sérgio Santos
 
Disciplina
cartão amarelo para Duarte (85m), Chibante (88m) e Rodrigo (90m). Cartão vermelho direto para Manú (30m), Jorge (30m) e Flávio (80m)
 
Marcadores
Fábio (16m) e Gilberto (56m)