Adormecido nas bolas paradas

 
O Barreiro dominou o jogo ante o Flamengos, mas não teve discernimento para o vencer e, depois, cometeu erros defensivos fatais.

Tendo o vento como aliado durante os primeiros quarenta e cinco minutos, a formação do Porto Judeu instalou-se calmamente no meio campo à guarda do Flamengos, com a turma do Faial a experimentar sérias dificuldades em manietar o futebol de cariz atacante dos encarnados
A qualidade técnica e rapidez de execução dos terceirenses consumiam na totalidade a concentração tática e o esforço físico dos faialenses, não existindo tempo e espaço para, sequer, ponderar em contra-atacar.
Assim, o futebol de sentido único interpretado pelo Barreiro esteve à beira de render golo logo no primeiro minuto quando Miranda, ao segundo poste, não consegue decifrar o segredo da porta da baliza de Dinis. Mantendo uma pressão alta, o segredo, contudo, seria desvendado por Ivo ainda antes da primeira dezena de minutos, ao visar com êxito as redes do adversário, aplicando um remate colocado, fora do alcance do guardião azul.
A vencer, embora mantendo o controlo dos acontecimentos, os visitados tiraram um pouco o pé do acelerador, reduzindo rapidez e repentismo ao seu jogo, tornando-o mais pausado e pensado, o que permitiu ao adversário respirar e se posicionar melhor no terreno, anulando a frequência com que o Barreiro construía oportunidades de golo, dando, inclusive, para subir algumas vezes no terreno. Um pouco tenuemente e aos repelões é certo, mas era, apesar de tudo, um indicador positivo.
O Barreiro não era capaz de tirar partido do vento, no sentido de manter uma pressão alta, na procura de pelo menos obter mais um golo para, eventualmente, encarar o segundo tempo com maior tranquilidade, sabendo-se que iria ter o tal fator pela frente. Pelo contrário, aos poucos foi-se deixando enrolar e o adversário, num lance de bola parada, chegaria ao empate, por Tiago Medeiros, que se revelou o mais incisivo, rápido a pensar e a executar, após uma série de ressaltos.
Desde o início do segundo tempo que o Barreiro foi a equipa a demonstrar com clareza quem mais queria ganhar a partida, mas, na prática, pouco se alterou, pois, em parte pela atitude positiva do Flamengos e pela força extra da natureza, a mesma se apresentou bem mais equilibrada em relação ao que se passou no primeiro tempo.
O futebol tem destas coisa, a maior posse de bola e intenção em ganhar ajudam mas, só por si, não ganham jogos e o Flamengos, de novo de bola parada, voltou a ser letal, através de um livre do meio da rua, despejando autenticamente a redondinha para a área, apanhando a defesa encarnada adormecida, que deixou o pesadinho Paul Dias completamente livre, que, deste modo, só teve de dizer sim com a cabeça para o golo.
É óbvio que o Barreiro intensificou cada vez mais a pressão na procura de dar a volta ao marcador, mas encontrou discernimento apenas para chegar ao empate, numa grande penalidade convertida por Miranda, no quarto dos cinco minutos de compensação, o que, acima de tudo, denota empenho e atitude até ao último minuto.
Arbitragem: regular.

Série Açores (2ª Fase) - 1ª Jornada

Campo Municipal de Angra do Heroísmo
Árbitro: Hélder Ferreira (AF Aveiro)
Assistentes: Henrique Portela e Humberto Coelho

Ao intervalo:
1-1

Barreiro 2

Ronaldo
Nelson (cap.)
Fábio
José Isidro
Nobita
Ivo
Jorge
(Marco André, 60m)
Hélder
Spencer
Lhuka
Miranda

Não Utilizados
Bruno, Célio, Mário, João Ávila, Nuno e Marco Fernandes.

Treinador
Hildeberto Vieira.

Flamengos 2

Dinis Faria
Bruno Lobão
Rui Bettencourt
Sérgio Alvernaz
(Ricardo Correia, 66m)
Tiago Medeiros
(Milton Mota, 71m)
Celso Pereira
Jorge Silveira
Paul Dias
César Andrade
(Tiago Soares, 81m)
Fernando Roches (cap.)
Roberto Silva

Não Utilizados
Ilídio Matos e Michael.

Treinador
António Luz.

Disciplina: cartão amarelo para Lhuka (44m), Sérgio Alvernaz (58m), Rui Bettencourt (81m), Ronaldo (85m) e Ricardo Correia (86m).

Marcadores: Ivo (8m), Tiago Medeiros (40m), Paul Dias (64m) e Miranda (g.p., 90+4m).