Barreiro volta a jogar fora todas as semanas


O BARREIRO TERMINOU A EDIÇÃO DE 2012/13 DA SÉRIE AÇORES, A ÚLTIMA ENQUANTO PROVA DE ÍNDOLE NACIONAL, NA 7.ª POSIÇÃO DA TABELA, MAIS CONCRETAMENTE NO TERCEIRO POSTO DO GRUPO QUE DISPUTOU A FUGA À DESPROMOÇÃO. É UM DESFECHO QUE SATISFAZ AS EXPECTATIVAS INICIAIS DA EQUIPA TÉCNICA?
Plenamente e penso que fizemos uma excelente época. No início da temporada, tentámos reunir alguns jogadores com maior experiência, o que também nos deu algumas garantidas de sucesso. Jogo a jogo, fomos percebendo que tínhamos qualidade e o grupo de trabalho foi muito forte, com grande união entre jogadores, equipa técnica e direção. Creio que, inclusive, poderíamos ter terminado numa posição superior, mas a verdade é que também garantimos a manutenção relativamente cedo e, neste contexto, também comecei a apostar em alguns atletas com menos tempo de utilização com o intuito de melhorar algumas rotinas de jogo a pensar na próxima época.

 
COMO ANALISA, EM PRIMEIRO LUGAR, AQUILO QUE FOI O GRAU DE COMPETITIVIDADE DA SÉRIE AÇORES E, AO MESMO TEMPO, A QUALIDADE DO FUTEBOL APRESENTADO PELO BARREIRO EM COMPARAÇÃO COM AS RESTANTES EQUIPAS?
Apesar do que já referi, o Barreiro tinha um plantel bastante jovem e, como tal, em certos momentos, a falta de maturidade também se fez notar. Esta lacuna acabou por ser ultrapassada na segunda volta, quando os jogadores já mostravam maior experiência. No fundo, até pelo maior conhecimento dos adversários, torna-se mais fácil lidar com as dificuldades. De resto, penso que apresentámos sempre um futebol de qualidade. É, aliás, um ponto de honra do Barreiro, que tem a ver com o trabalho e o nível de jogo que os próprios jogadores impõem.
 
QUAIS AS SUAS PERSPETIVAS PARA A NOVA SÉRIE AÇORES, QUE EM 2013/14 PERDE O EPÍTETO DE PROVA DE ÂMBITO NACIONAL?
Penso, acima de tudo, que a qualidade não deve baixar, pois a prova irá disputar-se nos mesmos moldes. Há, no entanto, a questão das arbitragens, embora os árbitros também tenham uma oportunidade para darem o seu melhor. Na minha opinião, só com o decorrer da prova poderemos ter uma melhor perspetiva sobre o futuro, até porque existe a possibilidade, pelo que se vai ouvindo, de se criarem exceções quanto aos jogadores de fora da região. Pode estar a criar-se alguma injustiça, até porque clubes como o Barreiro não podem competir com equipas como o Angrense e o Lusitânia.
A verdade é que o futebol terceirense e açoriano já conheceu melhores dias. A Federação Portuguesa de Futebol chutou os problemas para o lado e a componente financeira pesa muito atualmente. Não sei se a nova Série Açores terá futuro. Como se costuma dizer, "é andando e vendo". Creio que todos irão dar o melhor de si, embora, um dia mais tarde, o regresso à ilha possa ser uma realidade.
 
UMA TEMPORADA, NOVAMENTE, EM QUE O BARREIRO VOLTA A VALORIZAR ALGUNS JOVENS JOGADORES TERCEIRENSES...
Sim e não é novidade para nós. Todos os anos isto sucede. É, de facto, um orgulho, mas ao mesmo tempo dá-nos alguma tristeza vê-los partir, retirando-nos a oportunidade de, ao longo de mais uma ou duas épocas, podermos aprimorar a sua evolução e, igualmente, cimentarmos o grupo de trabalho. É evidente que a componente financeira vai falando mais alto, pois somos um clube de freguesia e não temos a capacidade de outras coletividades.
 
O BARREIRO DEIXOU PARA TRÁS O PORTO JUDEU PARA FAZER DO MUNICIPAL DE ANGRA "A SUA CASA". QUE PESO ESTA OBRIGAÇÃO TEVE NA PRESTAÇÃO DA EQUIPA?
Estou convencido que poderíamos ter feito muito melhor se tivéssemos atuado em casa. No fundo, jogámos sempre fora de portas. O Municipal de Angra é um bom campo, sem dúvida, mas faltou-nos sempre o necessário calor humano. Sempre pouco público nos nossos jogos.
 
É ALGO QUE SE REPETE NA NOVA ÉPOCA...
Sim e temos de voltar a ser muito fortes, o que já está a ser trabalhado com a equipa. No fundo, estamos obrigados a dar ainda mais em prol da instituição que representamos. Fazemos dois treinos semanais no municipal, sendo as restantes sessões realizadas no Porto Judeu. A componente psicológica será decisiva.
 
NO QUE TOCA A 2013/14, A CONSTITUIÇÃO DO PLANTEL VOLTA A SER A PRIMEIRA GRANDE DIFICULDADE DA ÉPOCA PARA O BARREIRO?
Mais uma vez, não é novidade nenhuma, pois todos os anos nos debatemos com estas dificuldades. No final da época passada acabámos por sofrer uma razia bastante maior do que o habitual, com oito/nove saídas, uns para outros clubes, a quem desejo o melhor, outros por motivos profissionais, a quem, obviamente, também desejo felicidades. Todos os anos estamos obrigados a encontrar soluções para colmatar estas saídas que nos deem garantias de podermos lutar pelos nossos objetivos. Já contratámos seis/sete reforços, jogadores jovens que nos podem, de facto, dar essas garantias.
 
COM A CONCORRÊNCIA DE CLUBES COMO ANGRENSE, LUSITÂNIA E PRAIENSE, QUAL O CAMPO DE RECRUTAMENTO DO BARREIRO?
Somos uma ilha pequena, com pouca população e, inclusive, o futsal também "rouba" alguns jogadores. Claro que, quando a componente financeira entra nesta equação, as dificuldades são ainda maiores. Fomos buscar jogadores que vão cumprir o primeiro ano de sénior, nomeadamente ao Angrense e ao Lusitânia, sendo que existem também alguns elementos com experiência no Praiense e no Angrense. A inexistência do escalão de juniores no Barreiro, algo que se mantém, torna-se, também, um handicap.
 
PELO QUE JÁ DECORREU DA PRÉ-ÉPOCA, COMO ANALISA A QUALIDADE DO PLANTEL? OFERECE-LHE AS TAIS GARANTIAS QUE REFERIU?
Sim e temos vindo a trabalhar muito bem, sendo que os reforços têm sido integrados de forma eficaz nos processos da equipa. Aliás, fator muito importante no Barreiro prende-se com o espírito de união, pois trabalhamos enquanto uma autêntica família. O grupo sentiu esta união que existe na coletividade.
 
FUNDAMENTALMENTE, QUAIS SÃO OS GRANDES OBJETIVOS DO BARREIRO PARA A NOVA TEMPORADA? TENTAR UM LUGAR NO GRUPO DA FRENTE É UMA META DEMASIADO AMBICIOSA?
O principal objetivo passa por formar um bom grupo e dar continuidade ao trabalho desenvolvido na época passada, percebendo de antemão que não teremos uma tarefa fácil. Temos de estar preparados e, jogo a jogo, lutarmos pelos três pontos em disputa para garantimos a manutenção. Prometemos apenas trabalho, até porque, volto a frisar, voltamos a ter de jogar fora de casa todas as semanas. Não fosse esta obrigação, talvez pudéssemos estar a lutar por outros objetivos. Apesar das muitas saídas, vamos manter a estrutura da equipa, especialmente em termos de filosofia de jogo. Deixo apenas o apelo para que a massa associativa e os simpatizantes do Barreiro compareçam nos nossos jogos no Municipal de Angra, pois o seu apoio é fundamental para que a equipa possa atingir os seus objetivos. Só todos juntos o poderemos conseguir.